sexta-feira, 26 de julho de 2013

Sabe Deus Pintar o Diabo - Um texto inédito escrito para a CTB


Andam por aí, próximos de toda a gente. Vieram de perto, mas de onde não sabemos. Os seus nomes são-nos revelados: Feliciano e Raimundo. Abrigados no último andar de um velho prédio, escolheram ser autores de uma espécie de fim do mundo. Cúmplices de uma acção degradante com motivos que fazem pensar o lodo onde a humanidade repetidamente se deixa atolar, Feliciano e Raimundo, amigos de circunstância, julgam-se portadores de uma razão capaz de dar acerto ao mundo, e não se afligem com a opção que decidiram, mas sentem o nervosismo que algum humor inquietante deixa transparecer. Encontraram-se e o que sabemos é que se entenderam para um jogo de extermínio. As suas biografias, se as conhecêssemos ao pormenor, não dariam para explicar o que são capazes de fazer. E o que eles fazem nunca deveria fazer-se.

     Abel Neves

autor Abel Neves | encenação Rui Madeira | elenco António Jorge, Carlos Feio, Nzady* | espaço cénico e figurinos pintor Alberto Péssimo, Arqtº Jorge Gonçalves desenho de luz Nilton Teixeira | criação de ambiente sonoro Pedro Pinto** | criação vídeo Frederico Bustorff Madeira** | design gráfico Carlos Sampaio, Paulo Nogueira | fotografia Paulo Nogueira 


*Atriz estagiária angolana no âmbito de um protocolo entre a CTB e o Elinga Teatro de Luanda patrocinado pela Cena Lusófona
**Centro de Criação de Vídeo e de Som RODAVIVA

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